Magia rúnica era usada para cura, sorte, proteção, extinguir fogo e tempestade, obter amor, bênçãos, cicatrizar feridas.
Estes e muitos outros objetivos permeavam o uso de encantamentos rúnicos e a confecção de talismãs pelos antigos povos do norte.
E a magia rúnica continua sendo usada – na verdade reconstruída – e mesmo ampliada, até os das de hoje.
Quer saber mais? Então fique comigo até o final deste artigo 😉
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O uso mágico das runas provém de um período onde os nórdico/germânicos eram pagãos. E no paganismo* se acreditava em magia. E magia era vista como um fenômeno natural que fazia parte do cotidiano, estando muitas vezes relacionada a aspectos religiosos.
Então, podiam acontecer procedimentos mágicos vinculados a cultos “religiosos” ou não.
E estes povos em particular desenvolveram diferentes formas de magia, sendo a magia rúnica a mais conhecida e reconstruída nos dias de hoje.
*Ser “pagão”, ao contrário da crença popular não significa aquele que não é cristão. Paganismo deriva do latim paganus, que significa “camponês” e foi um termo que acabou sendo absorvido pelos recém-convertidos cristãos urbanos na era medieval, como forma de apontar pejorativamente os “caipiras” que tinham aquela “religião estranha”, pois os pagãos eram politeístas. Foi assim que o termo acabou se vinculando à ideia de diferentes religiosidades. Para os germânicos a palavra correspondente a pagão seria heathenry.
A Magia Rúnica de Raiz
Estes povos viveram há provavelmente mais de mil anos na região em torno do Mar do Norte, incluindo a Inglaterra anglo-saxã, Escandinávia, Alemanha, Frisia e Islândia.
Com o passar do tempo e o avanço da era viking se expandiram também para outras regiões mais ao leste e centro europeu, como França, Itália, Rússia, entre outros.
E as runas, que surgiram primariamente como um alfabeto derivado do fenício – como outros alfabetos europeus – recebiam ainda diversos atributos mágicos.
A maga rúnica era essencialmente talismânica e o estudioso das runas – normalmente membro da nobreza – era chamado de Rúna-meistari (“mestre-rúnico“).
Eu gravo as runas que curam, eu gravo as runas que salvam, uma vez para os elfos, uma vez para os trolls, uma terceira vez para þurs
inscrição rúnica de Bergen, Noruega.
Runas eram traçadas em espadas para conferir vitória em batalha, sobre o navio para proteção marinha, sobre a cabeça de assistentes de parto…
…Existiam runas utilizadas para proferir eloquência em assembleias, runas de sentido para facilitar a compressão e por aí vai.
Além de utilizadas individualmente elas podiam ser gravadas em conjunto, formando uma “bindrune”, ou junção rúnica. Assim se criava uma nova runa/símbolo personalizado para algum assunto em particular.
Além disto, existia a escrita secreta, onde eram traçadas de forma cifrada para ocultar o verdadeiro significado de uma frase.
Então, acredita-se que um mestre de runas fazia isto com o intuito de impedir que outro mestre de dunas entendesse o real significado do que estava ali.
Vale salientar que as runas não eram exclusivamente símbolos mágicos, sendo empregadas também para fins utilitários.
E a escrita secreta foi usada ainda no contexto militar, para o envio de mensagens codificadas.
No contexto talismânico, muito da cultura material se perdeu, pois a maior parte foi traçado em madeira que se degrada com o tempo. Além disto, o conhecimento, a mitologia e saberes eram passadas de geração em geração de forma oral, a beira do fogo do lar.
Sendo assim, documentos históricos sobre runas e sobre a cultura destes povos em geral, começaram a surgir somente em um período tardio, produzidos através da observação de monges cristãos e outros não germânicos como o historiador romano Tácito.
O que se entende a partir disto, é que o uso mágico das runas era bastante rústico, mas constituía de uma prática importante para aqueles povos.
Hoje, a prática da magia rúnica se estendeu e com o passar do tempo, diversos ocultistas e escolas esotéricas contribuíram para tornar esta prática cada vez mais complexa e de amplas possibilidades.
Podemos dizer então que as runas são um simples alfabeto, nas também um amplo e complexo sistema mágico.
Magia Rúnica nos Dias de Hoje
Sabemos que a magia pagã era bastante rústica e primitiva, mas que com o passar do tempo e o surgimento da “alta magia” na idade medieval, muitos conceito complexos foram agregados e surgiram formas mais rebuscadas de se praticar a magia germânica; em especial a magia rúnica.
Hoje entendemos então que com a ampliação do uso das runas em termos esotéricos e mágicos, a magia rúnica tornou se um sistema mágico mais ou menos complexo dependendo de quem a usa.
Isto significa que existem dois tipos de praticantes da magia rúnica na atualidade:
1) os reconstrucionistas: que tentam como o próprio nome diz “reconstruir” a magia rúnica, bem como a religiosidade pagã germânica, quase ao pé da letra como seria originalmente;
2) os adeptos contemporâneos: que empregam o uso das runas em fusão com outros conhecimentos e filosofias provenientes de outras culturas.
Então, a busca pelas “bases” nos leva à magia natural, mas existe a possibilidade de associações com outros procedimentos e métodos mágicos, o que torna possível utilizá-las dentro do contexto da magia cerimonial.
Magia Rúnica na Prática
Para realizar magia através do simbolismo, neste caso das runas, primeiramente necessitamos construir uma intimidade com elas, onde muito além de simplesmente entender seus significados, realmente passamos a sentir cada uma como uma verdadeira e autônoma energia viva.
Por conta disto, você precisará refletir sobre elas, perguntando-se de que maneira se encaixam em diferentes situações; que ideias ou contextos elas elucidam e que tipo de força elas atraem.
Os símbolos falam diretamente ao nosso subconsciente, além de permitir o acesso ao inconsciente coletivo, motivo pelo qual somente poderemos ativar estas engrenagens trabalhando internamente o entendimento destas ferramentas.
Para uma prática adequada, devemos estudar a fundo as características de cada runa como sua forma, nome, som, arquétipo, efeitos mágicos ou incompatibilidade entre elas.
Bem como, avaliar atentamente as intenções do procedimento antes de partir para a prática.
A fim de alcançar o poder para realizar magia, o aprendiz deve desenvolver, através de prática e dedicação, a concentração, visualização, respiração e controle postural (no caso da “Yoga Rúnica”).
Outra linha de magia deixada por estes povos seria o galdr (significando “encantamento” em Old Norse), que corresponde ao ato de cantar e lançar encantamentos com símbolos mágicos.
Em um primeiro momento, percebemos que a magia rúnica acaba vindo atrelada ao galdr, mas é bom entender que são duas formas diferentes de magia, que acabam se confundindo por suas funções semelhantes:
- na magia rúnica há o ato de entoar e gravar as runas
- e no galdr existe a inscrição de símbolos mágicos e o canto propriamente dito.
Mas em muitos ritos de galdr estão ausentes elementos rúnicos, enquanto que a magia rúnica não necessariamente trará um canto de invocação.
Podemos dizer que a magia rúnica associada ao galdr ampliará seus resultados em força e poder, ao passo que o galdr representa o canto de fórmulas mágicas usadas para cura, proteção ou para encantar amuletos ou preencher objetos de magia, da mesma forma que a própria magia rúnica.
Magia Talismânica:
A magia rúnica, como primariamente talismânica, nos ensina a absorver a energia ou força das correntes rúnicas existentes no universo através do önd*, concentrá-las ou moldá-las e por fim projetá-las para uma função específica, seja através de um objeto a ser carregado ou da própria esfera pessoal do praticante.
O talismã pode ser tão simples como uma única runa desenhada em pedaço de papel mantido na carteira quanto um complexo aglomerado de elementos simbólicos escolhidos e preparados como forma de potencializar seu intento.
E em um contexto contemporâneo, além das próprias runas a serem utilizadas, você poderá usar a simbologia dos números, cores, fórmulas, observar horas mágicas e nomear o talismã.
* önd – sopro vital; uma energia que permeia a tudo e é absorvida através da respiração sem a qual não pode haver vida. Um conceito similar ao prana indiano.
A Natureza dos Talismãs
Ao produzir um talismã, o mesmo é preenchido por önd e recebe um örlög (razão de ser), de acordo com a natureza do poder rúnico nele impresso.
O mesmo pode ainda receber um nome pra reforçar sua natureza viva e para se criar um verdadeiro elo entre talismã e seu “alvo”.
O talismã deverá ser mantido próximo a pessoa ou local a ser afetado, ou ainda receber adicionalmente uma fórmula rúnica (o nome da pessoa transcrito em runas por exemplo).
>>> Para mais informações sobre örlög leira o artigo sobre o wyrd (destino) <<<
O talismã rúnico serve como uma chave para desbloquear o fluxo de determinada corrente rúnica de poder.
Durante o carregamento, estes fluxos são infundidos ao objeto anteriormente preparado com os sinais rúnicos receptivos a estas forças, que são intensificadas e modeladas pelo poder pessoal de quem o confecciona. Posteriormente essas forças são liberadas para cumprir sua função.
O “sigilo” tornasse então o centro de um vórtice de forças, que recebe energias sutis, formula-as de acordo com sua “programação” e libera-as depois para causar o resultado desejado (ou as mantém na esfera pessoal do portador).
Os talismãs rúnicos podem ser:
1) confeccionados em madeira, osso, chifre, couro, pedra ou metal, entre outros;
2) talismãs estáticos – pedras, árvores, plantas, quadros, tábuas com inscrições, moldura de portas ou janelas – que influenciam magicamente o lugar ou as pessoas nas proximidades;
3) amuletos “corporais”: absorvendo as forças rúnicas para nossa própria energia. Algumas pessoas os desenham ainda de forma literal através tatuagens temporárias ou permanentes.
Eles podem ainda receber diferentes estéticas e ser criados para oferecer proteção, segurança nas provas e entrevistas, melhorar a saúde, aumentar a auto confiança ou fortalecer a vontade…
…E os mais diversos fins.
Bindrunes
Quando fusionamos duas ou mais runas em um talismã criando uma bindrune, que significa “junção rúnica”.
Na cultura material, apareciam normalmente em escritos rúnicos nórdicos (raramente em anglo-saxões) e eram utilizadas para abreviar algo, ou mesmo para esconder algo que estava sendo escrito; normalmente grafadas em conjunto com outras runas ou “desenhos”.
No exemplo a seguir, veremos uma junção das runas Jera, Othila e Fehu, criada para favorecer investimentos a longo prazo:
Jera – colheita, abundância, fechamento de um ciclo
Fehu – prosperidade, riqueza, conquista, gado
Othila – herança, investimentos, propriedade
E a seguir uma sequencia de várias runas para ser lida de cima para baixo ou de baixo para cima ao longo de uma única haste:
Bindrune retirada do livro “Futhark – A Handbook of Rune Magic” de Edred Thorsson
Aqui vale um aviso importante: ao trabalhar com as runas em conjunto, é necessária certa experiência no trabalho com elas.
Isto porque, ao equivocar-se na hora de montar seu coquetel, você pode acabar atraindo um “infortúnio”, devido a um conflito de poderes.
Neste caso você sentirá um efeito diferente ou mesmo contrário ao que está procurando.
Sigilos
Se pensarmos que as runas são símbolos que atraem determinadas energias, elas por si só já podem ser consideradas sigilos.
Por uma questão de preservação da cultura germânica, alguns praticantes mais tradicionalistas não gostam de fazer muitas misturas e muito menos de usar esta palavra.
Mas optei por utilizá-la para facilitar a compreensão e para abordar o uso contemporâneo, onde, usando-se o bom senso, podemos criar talismãs que observem outros elementos além dos significados rúnicos.
Neste sentido além de conter outros símbolos sagrados, tais sigilos podem carregar ainda fórmulas numéricas e outras associações como a das cores, por exemplo, na qual se usa como referência o conteúdo das lendas e sagas para atribuir seus diferentes significados.
Neste contexto, a ideia seria de que quanto maior o simbolismo embutido em um talismã em menor espaço – ou de maneira mais enigmática – mais eficaz será a magia que ele contém.
Escrita Secreta
Por serem letras, as runas podem ser convertidas do alfabeto germânico para o nosso alfabeto e a partir daí codificadas em cifras.
Existiram diversas técnicas de se fazer isto e cada mestre de runas poderia mesclar uma ou mais delas para tornar sua inscrição ainda mais emblemática.
O processo constituía em atribuir um código numérico para cada uma e transformar este código em desenhos que ocultam runas, ou seja, ocultar uma palavra ou uma frase originalmente escrita em runas.
No exemplo abaixo a palavra “runas” foi convertida através do método tenda.
Stadhagaldr:
Dentre outras práticas tão sensacionais que se desenvolveram na contemporaneidade, podemos citar a Stadhagaldr, conhecida popularmente como “yoga rúnica”.
Criada em meados do século XX por magos e ocultistas da escola esotérica Alemã como Siegfried Adolf Kummer, Friedrich Bernhard Marby e Karl Spiesberger, trata-se de um sistema desenvolvido através da absorção de práticas da yoga tradicional, porém pautadas na sabedoria das runas.
Como na yoga tradicional, trata-se de uma técnica realizada para harmonizar corpo e mente desenvolvendo-se o controle da respiração – como os pranayamas – e através das stödhur ou posturas – como as ásanas.
Trata-se de uma meditação ativa que imita o formato das runas e trabalha uma energia fortíssima favorecendo a integração e autoconhecimento.
Por utilizar destes antigos símbolos como chaves de acesso a uma determinada energia ou ideia, funciona ainda como um verdadeiro sistema de magia corporal.
Assim utiliza-se de posturas ou gestos, sons e direcionamento da vontade para realizar um efeito mágico, tanto dentro do praticante quanto no ambiente.
Interessante não é? Mas por hora vou ficando por aqui, ou este artigo vai ficar imenso.
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Até a próxima 😉
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Simplesmente maravilhoso! Estudo magia rúnica e adorei esse artigo. Parabéns pelo trabalho!
Oi Mercia..gratidão!! 😉
Que blog lindo! Amei!
Gratidão pela visita!!!
Vc ainda ensina? Interesso-me
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